Procuro um começo que me ajude a dar vazão às reflexões que venho registrando em muitos anos de prática artística, de aprendizados, de danças, de pilates, de leituras.
Gerar acesso à intimidade que me constitui (como artista, educadora, criadora, mãe), conectando e revelando escolhas e caminhos, me parece uma contribuição honesta e viável, nesse momento. Diferente de uma vitrine, do palco ou de um pedestal, este blog convida a ver o porão, os bastidores, os processos, as caixas empoeiradas, as peças soltas, sucatas, coisas guardadas.
Foi com Manoel de Barros que aprendi a “desaprender oito horas por dia” e desfazer pedestais, desmistificar, desendeusar, desritualizar. E haverá algo politicamente mais importante do que sentir-se próximo ao seu próximo? sentir-se de igual pra igual com qualquer pessoa nesta superfície terrestre? sentir-se como o outro, ser capaz de se colocar no lugar do outro, compreender de dentro pra fora, sentir que somos todos potência?
Espero que se torne fértil esse cultivo compartilhado de intimidades!